Minha conversão - Ramon Ribeiro

Por que me converti? 

Segundo a perspectiva humana, minha conversão não pode ser compreendida. Ainda sou jovem e com uma vida inteira pela frente, tendo reservadas a mim muitas experiências para serem vividas e sonhos para serem conquistados. O mundo está de prontidão a mim como para qualquer jovem e me convida constantemente a uma vida de oportunidades e descobertas. E apesar de o mundo sempre ter me chamado para desfrutá-lo, algo sempre me impediu de me entregar aos seus prazeres e aventuras de forma que eu não voltasse com a consciência pesada e com um enorme vazio no coração. Por não saber exatamente o que me privava dos privilégios da juventude, me revoltava e me convencia de que não conseguiria conquistar as coisas que os jovens ao meu redor geralmente conquistam. E em minha revolta, cheguei por vezes a me rebelar e até a magoar aqueles que me amavam. O remorso pela minha rebeldia me acompanhava, mas não o arrependimento. Eu queria o mundo e ele me chamava. Se eu o aceitasse, teria certamente muito sucesso e muitos prazeres e ainda tenho total aptidão para este sucesso, mas a questão é que eu não fui. E por um motivo simples. Para abraçar o mundo, eu teria que renunciar aquilo que me é mais valioso e pelo qual minha alma sempre almejou, o cuidado de Deus. E assim fiz minha escolha. Entreguei minha vida aos cuidados de Deus e Ele passou a cuidar de mim. E surpreendentemente, muitas bençãos me foram concedidas por Ele. Bençãos que vão desde um bom emprego, uma família unida e acolhedora, a promessa de um casamento abençoado e estável e construção de uma nova família, casa própria, um carro, carteira de habilitação, diploma de ensino superior, enfim, bençãos que me vieram sem que eu percebesse e que quando eu parava para refletí-las, via que eram presentes dados por Deus para me manter em seus caminhos. Mas a maior benção recebida, aquela que transcede qualquer benção concedida na terra foi a Salvação Eterna e o perdão definitivo dos meus pecados. Mesmo sendo um cristão ativo, continuava a tratar uma vida de comunhão com Deus com leviandade e o pecado com descuido, pois apesar de ter crido na Palavra, não a estudava nem a lia com frequência.

Foi nesta imaturidade espiritual que acabei me desviando do caminho da retidão e da obediência, na ilusão de que, como um jovem, tinha o direito de desfrutar dos prazeres deste mundo, pois afinal, era um jovem. Correndo o risco eminente de perder todas as bençãos que Deus me concedera, tentei sem sucesso cauterizar minha consciência, tentando convencer-me de que o pecado não traria consequências. Mas a verdade invadiu meu coração contra minha vontade. Fui tocado pelo Espiríto Santo, que me mostrou a minha miséria e colocou a minha maldade diante de mim de modo que não pude suportá-la sem cair em profunda tristeza, chorando amargamente. Deus me chamou ao arrependimento de meus pecados e não resistindo, aceitei-o, tendo meu coração quebrantado e minha alma totalmente rachada. Eu havia sido santificado quando confiei minha vida ao Senhor, mas só fui realmente salvo quando em minha profunda aflição, confessei meus pecados a Cristo, reconhecendo-o como meu Salvador, sendo assim perdoado e justificado. Fui perdoado por Deus, mas não poupado da disciplina que eu merecia como Filho para minha santificação e restauração da minha comunhão com o Pai, a qual era necessária para que eu executasse suas obras e para que eu fosse novamente governado por Ele.

Tendo sido salvo em Cristo e liberto de toda condenação, orei incansavelmente para que Deus tivesse misercórdia de mim e restaurasse minha vida e a paz em minha alma, e Ele, em sua infinita misericórdia, atendeu a minha súplica. Desde então, passei a entender a profundidade do sacrifício de Cristo, que para me poupar do juízo eterno, pagou por meus pecados com o derramamanto de seu sangue, me purificando e me tornando santo. E assim passei a buscá-lo, em sua palavra e sã doutrina. 

Foi necessário que eu chegasse a Cristo em pedaços para que Ele me curasse e me restaurasse e com toda sinceridade, não desejo isso a ninguém. É bem mais agradável a nós e de maior gozo que cheguemos ao Senhor sem grandes arrependimentos e remorsos e sem as consequências permanentes dos pecados que cometemos na incredulidade ou na ausência de uma maturidade espiritual advinda de uma plena comunhão para com Ele, sendo cristãos mornos que ora congregamos e ora flertamos com o pecado do mundo. Mas mesmo que cheguemos a Cristo arruinados, Ele se alegra infinitamente, pois Ele é bondoso, misericordioso e cheio de amor para conosco e nos acolhe, nos tem como Filhos e nos faz co-herdeiros de todas as bençãos espirituais nos lugares celestiais por toda a eternidade. Pois Deus sacrificou seu único Filho para que tivéssemos a felicidade de uma vida eterna em sua presença e em seus cuidados. Uma benção que foi prometida a todos àqueles que crêem em Jesus Cristo como seu Salvador. 

Hoje sou um convertido a Cristo, convencido do pecado, convencido do amor de Deus por mim e convencido da veracidade de sua sã doutrina. E por que me converti? Simples. Não foi escolha minha. Foi o Espírito Santo que me elegeu e me tocou para que a Cristo me convertesse e isso foi feito independente de minha vontade. Eu vi minha miséria, vi o juízo que cairia sobre mim e recorri a Cristo, crendo Nele como meu Salvador. 

Hoje, desfruto da alegria de uma vida em comunhão com Deus, fazendo suas obras e seu testemunho, na constante espera de ser resgatado a qualquer momento para desfrutar da maior de todas as Bençãos, a vida eterna nos céus como a noiva de Cristo em sua eterna presença. Uma vida em Cristo certamente exigiu de mim renúncias, mas renúncias estas que são insignificantes comparadas às bençãos prometidas pelo Senhor aos seus Filhos e eu, toda vez que lembro que sou um salvo endereçado ao céu, me alegro, mesmo na pior circunstância. Louvado seja nosso Deus, o qual temos o privilégio de chamarmos de Pai.