O que torna Top Gun Maverick um filme tão bom?

O que torna Top Gun Maverick um filme tão bom?
Simples. A sequência do clássico de 1986 é boa e satisfatória por simplesmente ser o que se propõe a ser, um filme. O novo "Top Gun" segue a fórmula exata de um bom filme, que entretém, emociona e que prende o público do começo ao fim. Fórmula esta que nos últimos anos têm sido negligenciada por uma indústria cultural cada vez menos cultural e mais comercial, menos autêntica e mais engessada, menos original e mais ideológica. 
Além disso, a indústria do cinema têm se preocupado menos com a crítica popular e mais com a crítica especializada da academia, que é mais movida a pautas políticas do que a arte em si, a qual existe para fascinar e entreter, com o propósito de tornar o mundo a nossa volta mais fantasioso e suportável e a vida cotidiana menos sem graça e monótona. Em resumo, a arte é um alimento para a alma, não para a sociedade, pois a sociedade já é alimentada de muitas outras fontes por todos nós, o tempo todo. 
Quando fui indagado em sala de aula em meu curso de licenciatura em História na disciplina "História da Arte" acerca do que é arte, respondi automaticamente: "a arte é a expressão da alma, do nosso ser mais profundo. A arte é toda manifestação concreta daquilo que é abstrato. É a manifestação que torna atingível o inatingível e que nos fornece sentido ao nossos sentidos e conforto para nossos anseios puramente humanos. A arte é tudo aquilo que nos eleva como seres e que não faz distinção de pessoas, pois a arte é acessível a todo ser humano, pois todo ser humano nasce com a aptidão de contemplar o belo. A arte nos eleva, nos transporta e nos transforma". 
Infelizmente, a indústria está deixando a essência básica da arte para transformá-la em objeto de transformação social, quando esta é em essência um meio de escapismo da realidade. Quem nunca se sentiu transportado para outro mundo ao ler Harry Potter ou Nárnia, ou quem nunca foi transportado para um lugar só seu quando ouviu sua música favorita, ou quem nunca se sentiu amparado quando criança ao ouvir uma história de contos de fadas dos pais? A arte existe com este propósito, o de tornar a vida mais leve. E no caso da sétima arte, este conceito já está sendo abandonado, com raríssimas excessões como "Top Gun", que não possui nada do que os filmes atuais hoje tem em excesso. 
No sentido técnico, Hollywood tem se dedicado em suas produções muito mais ao uso desenfreado de CGI do que propriamente as ferramentas básicas que fazem um bom filme: roteiro, atores, script, um gênero bem definido e uma boa direção. 
Hoje assiste-se um filme e não se sabe definir nem mesmo seu gênero. Já um bom roteiro precisa ser escrito cronologicamente tendo como foco a introdução, o desenvolvimento, o conflito e o desfecho. Até mais importante do que a direção, o roteiro é o responsável por adentrar o espectador em um mundo que se apresenta pronto a recebê-lo, sem focar em um público específico chamado "cult", mas sim, tratando o público como único, dando-lhes as boas vindas em sua história. Neste contexto, o personagem se apresenta por inteiro, sem mistérios e sem rodeios, acolhendo quem o vê na tela. A partir daí, o roteiro só precisa desenvolver gradualmente o enredo, trazendo o conflito que levará o personagem ao desafio, levando assim o espectador consigo e compartilhando suas lutas e expectativas. É também com um bom roteiro que se elencam bons atores para cada papel e um diretor que saiba bem através das lentes conduzir o cenário em que a história é contada, apresentando na maior amplitude possível o universo do personagem. O script deve ser bem escrito, trazendo diálogos com linguagem direta que conduzam bem a história através dos personagens, cativando assim o ouvinte a ponto de se sentir introduzido no filme. 
E nós sabemos identificar quando estamos assistindo a um bom filme. É exatamente quando esquecemos que estamos assistindo a um filme. 
Insere-se toda essa fórmula a uma produção e um gênero bem definido e a fórmula clássica de filmagem mesclada a alta tecnologia e o resultado não poderia ser outro, um ótimo filme. 
Não que produções cinematográficas, assim como qualquer forma de arte não possam contribuir socialmente afim de conscientizar as pessoas acerca de temas que nos assombram dia após dia. Temos excelentes produções como "A Vida é Bela", "Nada de Novo no Front", "Raça", "Negação", "Até o Último Homem", que são filmes incríveis que nos despertam à reflexão, assim como filmes que nos marcam e nos fazem refletir o que é a humanidade, como "A Espera de um Milagre", "No Coração do Mar". Mas mesmo todos esses filmes, ao mesmo tempo que inspiram, fascinam pela sua arte, sensibilidade e envolvimento em suas histórias, sem apelar para discursos prontos e engessados que todos já sabemos e sem apelar para superficialidades de cenas desconexas, mesmo em uma caprichada edição. 
 
Filmes são feitos para contar histórias e histórias envolventes, mas o que a indústria os está transformando são em panfletagens de propaganda ideológica e propagandas de produtos em vitrines de lojas. Ainda assim, a indústria sobrevive, pois como disseram a Maverick que sua espécie está em extinção, ele automaticamente responde que pode até ser, mas não hoje.
 
Texto: Ramon Ribeiro 

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